sábado, 14 de abril de 2012

O papel do psicopedagogo na instituição escolar

Resumo: O presente artigo, que surgiu da inquietação existente com nossa prática como educadora e da certeza de que cada um constrói seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, tem justamente o objetivo de fazer uma abordagem sobre a atuação e a importância do psicopedagogo dentro da instituição escolar. Acreditando ser a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar capacidades e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em conseqüência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, maior espaço nas instituições de ensino.

Palavras-chave: Psicopedagogia; Intervenção; instituição escolar

Introdução
Refletir atualmente sobre a dinâmica ensino-aprendizagem escolar é tarefa que deve fazer parte do dia a dia de todos os professores envolvidos que estão em um conjunto de problemas e questionamentos relativos ao futuro das escolas em nosso país. Essa reflexão passa pela apreciação dos índices de repetência e evasão que historicamente têm sido acumulados e resumidos as dificuldades de aprendizagem, excluindo um significado número de educando do acesso ao saber escolarizado.
A dinâmica ensino-aprendizagem tem como função precípua assegurar a apropriação por parte dos alunos de um saber próprio selecionado das ciências e da experiência acumulada historicamente pela humanidade, organizado para ser trabalhado na escola; o saber sistematizado. Ao apropriar-se desse saber os alunos adquirem condições de enfrentar as exigências da vida em sociedade. E neste ponto reside um aspecto da importância social do saber escolar.
Quando o processo de aprendizagem acontece de forma linear o aluno adquire seus conhecimentos com segurança e sua construção se torna mais prazerosa. Com a auto-estima elevada, o mesmo é capaz de apresentar um ótimo rendimento em todas as disciplinas.
Porém, se no seu trajeto ele se depara com inúmeras dificuldades tais como: lentidão ao realizar tarefas, queda de desempenho escolar, notas baixas, falta de interesse e repetência, devemos então considerar o trabalho psicopedagógico é relevante no sentido que o mesmo direcionará de forma significativa a escola e o aluno para que haja aprendizagem.
Assim sendo, frente a uma situação – problema, ele atuaria partindo de uma investigação sobre a vida escolar e familiar do estudante; através de diálogos com os pais, com os professores e também com o próprio aluno, tentando visualizar o problema existente no mesmo, orientando-o da melhor forma através de material pedagógico, entrevistas, provas projetivas (desenhos) etc., para que suas dificuldades de aprendizagem sejam sanadas e que ele tenha melhores resultados no futuro. Buscando também a melhoria na relação aluno/ professor /funcionário, ele ajudaria, auxiliando assim estes, no surgimento de conflitos existentes; na interação com o outro; nos projetos da escola na elaboração dos planos de aula (na qual os professores poderiam fazê-los, de forma mais dinâmica, para que os alunos pudessem entender melhor as aulas).
A instituição (diretor, agentes administrativos, professores, secretários, coordenadores) não precisa ver o psicopedagogo como uma ameaça, que está ali apenas para apontar os erros, mas como um apoio a mais, que poderá auxiliar muito a escola. Entretanto, para criar bases mais sólidas, será necessário que o espaço escolar esteja aberto a estas transformações, que se comprometam com este profissional coletivamente. O trabalho só terá sucesso, se todos colaborarem e tiverem o mesmo objetivo: de sanar as dificuldades de aprendizagem nos alunos; superar os conflitos já existentes e os que ainda estão por vir. Conflitos estes, muito intensos e que aumentam ainda mais os obstáculos nas relações entre as pessoas interferindo em vários aspectos, principalmente no aspecto cognitivo criando uma série de demandas, necessitando assim da intervenção psicopedagógica.
A ação do psicopedagogo é de suma importância, porque ele vai agir como um solucionador para os problemas de comportamento e aprendizagens, já que ele tem o domínio de técnicas especializadas, orientando professores, pais e demais envolvidos, naquilo que devem fazer em cada momento.
Acredito que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de “colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de conhecimentos. Compreende-se que as causas do não aprender podem ser diversas. Em vista dessa necessidade se reconhece que não é tarefa fácil para os educadores compreenderem essa pluricausalidade. Torna-se comum constatar que as escolas classificam e condenam esse grupo de alunos à repetência, como também os classificam com adjetivos de alunos “sem solução” e vítimas de uma desigualdade social.

Intervenção Psicopedagógica
Fala-se de intervenção como uma mediação que um profissional, tanto o educador, quanto o psicopedagogo desempenha sobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando dificuldade de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo, com o propósito de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito, pensar poderá levar a um rompimento de um modelo anterior de relacionamento com o mundo das pessoas das ideias. Exemplifica-se como intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças com baixo rendimento acadêmico com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento.
Recomenda-se ao professor junto com o psicopedagogo que organizem turmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que aprendem com facilidade e alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, pois as crianças que entendem suas linguagens podem funcionar como professores uns dos outros. Propõe-se um guia para uma escuta psicopedagógica: escutar, olhar, observar e relacionar.
Recomenda-se que o professor, em conjunto com a equipe da escola e a intervenção do psicopedagogo, reflita sobre a estrutura curricular que está sendo oferecida e a compatibilidade deste com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno, afinal para a psicopedagogia a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas.
Para Vigotsky (1993, p. 33): “Todos os seres humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.”
Entende-se o aluno de maneira interdisciplinar, busca-se apoio em várias áreas do conhecimento e analisa-se aprendizagem no contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico.
Segundo Bossa (1994, p.23):

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.

Jogos e brincadeiras como recurso psicopedagógico
A prática lúdica presente nas atividades escolares é um bom atrativo para que os alunos se motivem na busca de uma aprendizagem prazerosa, e neste sentido, temos os jogos e brincadeiras como grandes aliados nesta tarefa, pois segundo Winicott apud Weiss, (2004, p.72) “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade, e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self)”.
A relação entre o jogo e a educação é muito importante, de acordo com Kishimoto (1994) os primeiros estudos datam da Grécia e Roma antigas, em que se colocava a importância do aprender brincando. A partir do século XIX, com a expansão de inovadores ideais de ensino, os jogos e brincadeiras passam a ser vistos como aliados e facilitadores nos trabalhos pedagógicos.
A psicopedagogia consiste em uma área que trabalha com o processo de aprendizagem e suas dificuldades, torna-se relevante que os profissionais da área busquem recursos diversos para executarem suas funções, e em meio a estes, temos os jogos e brincadeiras, a informática, a música, os desenhos e tantos outros suportes importantes que se tornam oportunos no momento da atividade. Em relação à educação de crianças com deficiência intelectual, não é diferente, torna-se necessário que o psicopedagogo desenvolva atividades que contribuam para a aprendizagem, socialização e independência deste aluno, realizando um trabalho inter e multidisciplinar, para tentar descobrir as causas de suas dificuldades.
Assim como a escrita, linguagem e outras invenções, o jogo é fruto da criatividade dos seres humanos. Podemos considerar o jogo extremamente importante em um contexto psicopedagógico por diversos fatores, é sabido que o jogo é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos, por isso é essencial no desenvolvimento da criança. O autor Schiller (2001), escreveu que “O homem só é completo quando brinca". O jogo é essencial na formação do ser humano, porque à medida que a criança brinca ela esta alcançando objetivos e regras pré- estabelecidos. Percebe-se que através das brincadeiras ela imita a realidade na qual vive, ou seja, através da brincadeira ela transmite sua realidade.
Desde então, há um aumento dos jogos no espaço educacional, onde a criança conhece e adquire conhecimentos sobre o mundo a sua volta, convivendo, aprendendo e respeitando o direito dos colegas. Para os Vygotiskianos, (apud Kishimoto,1994, p.42) “os jogos são condutas que imitam ações e não apenas ações sobre objetos ou uso de objetos substitutos”. Sendo assim, vemos que os jogos são instrumentos que irão colaborar na educação de todos os alunos, estimulando o autoconhecimento, a autonomia e a interação social, o que irá facilitar a aprendizagem.
O jogo torna-se mediante ao processo ensino- aprendizagem um apoio, isto é, um marco para o desenvolvimento e crescimento intelectual da criança, porque de acordo com a prática lúdica observa-se que os conteúdos alcançados através dos jogos são mais prazerosos e expressivos na aprendizagem escolar.
Observa-se que o jogo infantil é uma prova da vontade e personalidade da criança, de acordo com a prática psicopedagógica considera-se que a criança relata no jogo seus sentimentos, tais como: medo, ansiedade, raiva, sonhos, desejos e esperança de um futuro que é desejado e será conquistado aos poucos.
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, podemos considerar o conceito fundamental da essência do jogo na vida da criança que apresenta ou não o distúrbio de aprendizagem, avalia-se que jogar é acreditar que ganhando ou perdendo, a criança, o adolescente, o idoso, enfim todos são capazes de aprender e conquistar seus objetivos vivencia-se que a criança que não joga que se isola nas brincadeiras, ou pelo simples ato de não querer jogar para atender seu desejo próprio torna-se um adulto frustrado, com medo de ganhar ou perder sem se quer tentar arriscar.
Necessita-se encontrar alternativas que promovam o sucesso da escolarização. Reflete-se que um dos caminhos possíveis para aqueles que se identificam com a pertinência da complexidade dos fatores envolvidos no processo de ensino- aprendizagem é a própria aprendizagem.
Acredita-se que a aprendizagem é para o homem o processo mais importante e a escolarização é uma questão no mínimo de sobrevivência social. O pensamento corrente é que a criança vai para a escola para aprender, no entanto, muitas vezes a criança acaba perdendo sua espontaneidade e curiosidade, ao submeter-se a normas de rendimento ou métodos pedagógicos que não dão conta de sua subjetividade. Quando os métodos de ensino utilizados pela escola não são eficazes para uma minoria, rapidamente se cria um processo de seleção e de segregação para essas crianças.
As brincadeiras não só possibilita o desenvolvimento de processos psíquicos, por parte da criança, como também serve como instrumento para conhecer o mundo físico e, finalmente, entender os diferentes modos de comportamento humano. Para que as brincadeiras infantis tenham lugar garantido no cotidiano das instituições escolares é fundamental a atuação do psicopedagogo juntamente com o professor. É importante que as crianças tenham espaço para brincar, assim como opções de mexer no mobiliário; que possam, por exemplo, montar casinhas, cabanas, tendas de circo, etc. O tempo que as crianças têm à disposição para brincar também deve ser considerado: é importante dar tempo suficiente para que as brincadeiras surjam se desenvolvam e se encerrem.
Segundo PIAGET (1967) citado por, “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos tanto cognitivos como emocionais.

Metodologia
O presente artigo está classificado nos critérios de pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram avaliados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações Finais
Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo considerado natural e não possuem um artifício de intervenção capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem.
Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção das dificuldades de aprendizagem.
Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Ao lado da à equipe escolar, está mobilizado na edificação de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo.
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar.
A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor.
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber.

Bibliografia

Referencias bibliográfica
BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
BARBOSA, LMS. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente;
2001
BOSSA, Nádia Ap. Dificuldades de aprendizagem: Artmed, 2000.
MURCIA, J. Aprendizagem Através do Jogo. São Paulo, Artimed, 2005.
MIRANDA, A. O psicopedagogo na instituição escolar: Disponível em:
http://www.webartigos.com/2007. Acesso em junho de 2011.
PIAGET, J. O lúdico na aprendizagem: Disponível em
http://brinqueeaprenda.blogspot.com/. Acesso me junho de 2011