Resumo: O presente artigo, que surgiu da inquietação existente com nossa prática como educadora e da certeza de que cada um constrói seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, tem justamente o objetivo de fazer uma abordagem sobre a atuação e a importância do psicopedagogo dentro da instituição escolar. Acreditando ser a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar capacidades e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em conseqüência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, maior espaço nas instituições de ensino.
Palavras-chave: Psicopedagogia; Intervenção; instituição escolar
Introdução
Refletir atualmente sobre a dinâmica  ensino-aprendizagem escolar é tarefa que deve fazer parte do dia a dia  de todos os professores envolvidos que estão em um conjunto de problemas  e questionamentos relativos ao futuro das escolas em nosso país. Essa  reflexão passa pela apreciação dos índices de repetência e evasão que  historicamente têm sido acumulados e resumidos as dificuldades de  aprendizagem, excluindo um significado número de educando do acesso ao  saber escolarizado.
A dinâmica ensino-aprendizagem tem como função  precípua assegurar a apropriação por parte dos alunos de um saber  próprio selecionado das ciências e da experiência acumulada  historicamente pela humanidade, organizado para ser trabalhado na  escola; o saber sistematizado. Ao apropriar-se desse saber os alunos  adquirem condições de enfrentar as exigências da vida em sociedade.  E  neste ponto reside um aspecto da importância social do saber escolar.
Quando  o processo de aprendizagem acontece de forma linear o aluno adquire  seus conhecimentos com segurança e sua construção se torna mais  prazerosa. Com a auto-estima elevada, o mesmo é capaz de apresentar um  ótimo rendimento em todas as disciplinas.
Porém, se no seu trajeto  ele se depara com inúmeras dificuldades tais como: lentidão ao realizar  tarefas, queda de desempenho escolar, notas baixas, falta de interesse e  repetência, devemos então considerar o trabalho psicopedagógico é  relevante no sentido que o mesmo direcionará de forma significativa a  escola e o aluno para que haja aprendizagem.
Assim sendo, frente a  uma situação – problema, ele atuaria partindo de uma investigação sobre a  vida escolar e familiar do estudante; através de diálogos com os pais,  com os professores e também com o próprio aluno, tentando visualizar o  problema existente no mesmo, orientando-o da melhor forma através de  material pedagógico, entrevistas, provas projetivas (desenhos) etc.,  para que suas dificuldades de aprendizagem sejam sanadas e que ele tenha  melhores resultados no futuro. Buscando também a melhoria na relação  aluno/ professor /funcionário, ele ajudaria, auxiliando assim estes, no  surgimento de conflitos existentes; na interação com o outro; nos  projetos da escola na elaboração dos planos de aula (na qual os  professores poderiam fazê-los, de forma mais dinâmica, para que os  alunos pudessem entender melhor as aulas). 
A instituição (diretor,  agentes administrativos, professores, secretários, coordenadores) não  precisa ver o psicopedagogo como uma ameaça, que está ali apenas para  apontar os erros, mas como um apoio a mais, que poderá auxiliar muito a  escola. Entretanto, para criar bases mais sólidas, será necessário que o  espaço escolar esteja aberto a estas transformações, que se comprometam  com este profissional coletivamente. O trabalho só terá sucesso, se  todos colaborarem e tiverem o mesmo objetivo: de sanar as dificuldades  de aprendizagem nos alunos; superar os conflitos já existentes e os que  ainda estão por vir. Conflitos estes, muito intensos e que aumentam  ainda mais os obstáculos nas relações entre as pessoas interferindo em  vários aspectos, principalmente no aspecto cognitivo criando uma série  de demandas, necessitando assim da intervenção psicopedagógica.
A  ação do psicopedagogo é de suma importância, porque ele vai agir como um  solucionador para os problemas de comportamento e aprendizagens, já que  ele tem o domínio de técnicas especializadas, orientando professores,  pais e demais envolvidos, naquilo que devem fazer em cada momento.
Acredito  que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de  “colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos  de conhecimentos. Compreende-se que as causas do não aprender podem ser  diversas. Em vista dessa necessidade se reconhece que não é tarefa  fácil para os educadores compreenderem essa pluricausalidade. Torna-se  comum constatar que as escolas classificam e condenam esse grupo de  alunos à repetência, como também os classificam com adjetivos de alunos  “sem solução” e vítimas de uma desigualdade social.
 
Intervenção Psicopedagógica
Fala-se  de intervenção como uma mediação que um profissional, tanto o educador,  quanto o psicopedagogo desempenha sobre o processo de desenvolvimento  ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando dificuldade  de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o procedimento adotado  interfere no processo, com o propósito de compreendê-lo, explicitá-lo ou  corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito, pensar poderá  levar a um rompimento de um modelo anterior de relacionamento com o  mundo das pessoas das ideias. Exemplifica-se como intervenções  psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o  psicopedagogo realiza na escola em crianças com baixo rendimento  acadêmico com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma  relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento.
Recomenda-se ao  professor junto com o psicopedagogo que organizem turmas para o trabalho  em grupo, juntando alunos que aprendem com facilidade e alunos que  apresentam dificuldades de aprendizagem, pois as crianças que entendem  suas linguagens podem funcionar como professores uns dos outros.  Propõe-se um guia para uma escuta psicopedagógica: escutar, olhar,  observar e relacionar.
Recomenda-se que o professor, em conjunto com a  equipe da escola e a intervenção do psicopedagogo, reflita sobre a  estrutura curricular que está sendo oferecida e a compatibilidade deste  com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno, afinal para a  psicopedagogia a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas. 
Para Vigotsky (1993, p. 33): “Todos os seres humanos são capazes de  aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.”
Entende-se  o aluno de maneira interdisciplinar, busca-se apoio em várias áreas do  conhecimento e analisa-se aprendizagem no contexto escolar, familiar e  no aspecto afetivo, cognitivo e biológico.
Segundo Bossa (1994, p.23):
Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.
Jogos e brincadeiras como recurso psicopedagógico
A  prática lúdica presente nas atividades escolares é um bom atrativo para  que os alunos se motivem na busca de uma aprendizagem prazerosa, e  neste sentido, temos os jogos e brincadeiras como grandes aliados nesta  tarefa, pois segundo Winicott apud Weiss, (2004, p.72) “é no brincar, e  somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser  criativo e utilizar sua personalidade, e é somente sendo criativo que o  indivíduo descobre o eu (self)”.
A relação entre o jogo e a educação  é muito importante, de acordo com Kishimoto (1994) os primeiros estudos  datam da Grécia e Roma antigas, em que se colocava a importância do  aprender brincando. A partir do século XIX, com a expansão de inovadores  ideais de ensino, os jogos e brincadeiras passam a ser vistos como  aliados e facilitadores nos trabalhos pedagógicos.  
A  psicopedagogia consiste em uma área que trabalha com o processo de  aprendizagem e suas dificuldades, torna-se relevante que os  profissionais da área busquem recursos diversos para executarem suas  funções, e em meio a estes, temos os jogos e brincadeiras, a  informática, a música, os desenhos e tantos outros suportes importantes  que se tornam oportunos no momento da atividade. Em relação à educação  de crianças com deficiência intelectual, não é diferente, torna-se  necessário que o psicopedagogo desenvolva atividades que contribuam para  a aprendizagem, socialização e independência deste aluno, realizando um  trabalho inter e multidisciplinar, para tentar descobrir as causas de  suas dificuldades.
Assim como a escrita, linguagem e outras  invenções, o jogo é fruto da criatividade dos seres humanos. Podemos  considerar o jogo extremamente importante em um contexto psicopedagógico  por diversos fatores, é sabido que o jogo é uma atividade natural no  desenvolvimento dos processos psicológicos básicos, por isso é essencial  no desenvolvimento da criança. O autor Schiller (2001), escreveu que “O  homem só é completo quando brinca". O jogo é essencial na formação do  ser humano, porque à medida que a criança brinca ela esta alcançando  objetivos e regras pré- estabelecidos. Percebe-se que através das  brincadeiras ela imita a realidade na qual vive, ou seja, através da  brincadeira ela transmite sua realidade.
Desde então, há um aumento  dos jogos no espaço educacional, onde a criança conhece e adquire  conhecimentos sobre o mundo a sua volta, convivendo, aprendendo e  respeitando o direito dos colegas. Para os Vygotiskianos, (apud  Kishimoto,1994, p.42)  “os jogos são condutas que imitam ações e não  apenas ações sobre objetos ou uso de objetos substitutos”. Sendo assim,  vemos que os jogos são instrumentos que irão colaborar na educação de  todos os alunos, estimulando o autoconhecimento, a autonomia e a  interação social, o que irá facilitar a aprendizagem.
O jogo torna-se  mediante ao processo ensino- aprendizagem um apoio, isto é, um marco  para o desenvolvimento e crescimento intelectual da criança, porque de  acordo com a prática lúdica observa-se que os conteúdos alcançados  através dos jogos são mais prazerosos e expressivos na aprendizagem  escolar.
Observa-se que o jogo infantil é uma prova da vontade e  personalidade da criança, de acordo com a prática psicopedagógica  considera-se que a criança relata no jogo seus sentimentos, tais como:  medo, ansiedade, raiva, sonhos, desejos e esperança de um futuro que é  desejado e será conquistado aos poucos.
De acordo com a Declaração  Universal dos Direitos da Criança, podemos considerar o conceito  fundamental da essência do jogo na vida da criança que apresenta ou não o  distúrbio de aprendizagem, avalia-se que jogar é acreditar que ganhando  ou perdendo, a criança, o adolescente, o idoso, enfim todos são capazes  de aprender e conquistar seus objetivos vivencia-se que a criança que  não joga que se isola nas brincadeiras, ou pelo simples ato de não  querer jogar para atender seu desejo próprio torna-se um adulto  frustrado, com medo de ganhar ou perder sem se quer tentar arriscar.
Necessita-se  encontrar alternativas que promovam o sucesso da escolarização.  Reflete-se que um dos caminhos possíveis para aqueles que se identificam  com a pertinência da complexidade dos fatores envolvidos no processo de  ensino- aprendizagem é a própria aprendizagem.
Acredita-se que a  aprendizagem é para o homem o processo mais importante e a escolarização  é uma questão no mínimo de sobrevivência social. O pensamento corrente é  que a criança vai para a escola para aprender, no entanto, muitas vezes  a criança acaba perdendo sua espontaneidade e curiosidade, ao  submeter-se a normas de rendimento ou métodos pedagógicos que não dão  conta de sua subjetividade. Quando os métodos de ensino utilizados pela  escola não são eficazes para uma minoria, rapidamente se cria um  processo de seleção e de segregação para essas crianças.
As  brincadeiras não só possibilita o desenvolvimento de processos  psíquicos, por parte da criança, como também serve como instrumento para  conhecer o mundo físico e, finalmente, entender os diferentes modos de  comportamento humano. Para que as brincadeiras infantis tenham lugar  garantido no cotidiano das instituições escolares é fundamental a  atuação do psicopedagogo juntamente com o professor. É importante que as  crianças tenham espaço para brincar, assim como opções de mexer no  mobiliário; que possam, por exemplo, montar casinhas, cabanas, tendas de  circo, etc. O tempo que as crianças têm à disposição para brincar  também deve ser considerado: é importante dar tempo suficiente para que  as brincadeiras surjam se desenvolvam e se encerrem.
Segundo PIAGET  (1967) citado por, “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento  ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o  desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se  processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos  sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças,  desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção  de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As  crianças ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem  jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos tanto cognitivos como  emocionais.
Metodologia
O presente artigo está classificado nos critérios de pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica.
Partindo  da pesquisa realizada, os dados foram avaliados a partir de leitura  crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.
Considerações Finais
Diante  do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais  preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não  sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o  processo considerado natural e não possuem um artifício de intervenção  capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem.
Neste  contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional  qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando  assistência aos professores e a outros profissionais da instituição  escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem  como para prevenção das dificuldades de aprendizagem.
Por meio de  técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção  psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em  espaços institucionais. Ao lado da à equipe escolar, está mobilizado na  edificação de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a  evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de  intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo.
Os  desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar  relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e  profissional implicam a configuração de uma identidade própria e  singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências  de atuação na instituição escolar.
A psicopedagogia é uma área que  estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele  decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos  trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas  seria bem menor.
Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar  os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais  construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um  relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo,  fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam diagnóstico especializado  e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da  potencialização humana no processo de aquisição do saber. 
Bibliografia
Referencias bibliográficaBOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
BARBOSA, LMS. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente;
2001
BOSSA, Nádia Ap. Dificuldades de aprendizagem: Artmed, 2000.
MURCIA, J. Aprendizagem Através do Jogo. São Paulo, Artimed, 2005.
MIRANDA, A. O psicopedagogo na instituição escolar: Disponível em:
http://www.webartigos.com/2007. Acesso em junho de 2011.
PIAGET, J. O lúdico na aprendizagem: Disponível em http://brinqueeaprenda.blogspot.com/. Acesso me junho de 2011
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